Palavras soltas...

(...) "Tenho aprendido muitas coisas nos últimos tempos. Uma delas é que jamais podemos deixar para amanhã um gesto de carinho, um sorriso verdadeiro, uma declaração de amor."

Confira a crônica completa clicando aqui.

sábado, 18 de julho de 2009

Entre bocejos e cervejas

Eis a vida.
Entendo muito pouco de tudo. Entendo nada de tudo: essa é a verdade. Complicado.
Não. Não estou vivendo um momento depressivo, mas, às vezes dá vontade de saltar em um abismo para simplesmente sentir a sensação de incapacidade que há dentro de cada um de nós quando nos encontramos em meio a situações difíceis, desesperadoras... Após pular, nada me fará voltar. Se Deus existir e minha fé for mesmo verdadeira, talvez – talvez – Ele envie um anjo para me segurar. Do contrário, vou me espatifar no chão. Ou seja, certas escolhas não têm volta.
Porém, antes de tomar uma decisão – na grande maioria das vezes – temos opções. Muitas vezes erramos. Outras tantas acertamos. Só descobrimos se foi um erro ou acerto após escolher. Pelo medo, não escolhemos nada e ficamos estagnados e pior ainda, frustrados por não ter ao menos arriscado.
É fato: só sabe o gosto da maçã quem dela experimentou!
Mas, isso não quer dizer muita coisa. Pois, ao contrário do que muitos pensam, não escolher nenhuma opção é também uma escolha. Não é medo. Pode-se ir para o norte, para o sul, mas pode-se também permanecer no leste. Algum problema?
De tudo, porém, acredito em uma coisa: seguir a moda do Zeca Pagodinho e se deixar levar não seria minha escolha. Acreditar em destino é, para mim, uma grande falta de criatividade e, por isso, colocar toda a responsabilidade pelo nosso sucesso ou fracasso nas mãos desse tal de destino é, no mínimo, besteira. Se você pode escolher o que fazer ou não da sua vida; se pode escolher ou não se casa ou compra uma bicicleta; se pode optar por dormir ou ir para aquela festa: por que deixar para ele, o destino, escolher? Entretanto, também neste caso, a decisão final de deixar sua vida nas mãos do destino é sua e só sua.
Cuidado, quem acredita diz que o destino é um fanfarrão.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Protesto!


Eis a vida.
Se eu não estiver enganado, o primeiro protesto do qual eu me lembro de ter assistido, aconteceu na Copa do Mundo de 1990. Naquele fatídico ano, nossa Seleção fora desclassificada nas oitavas de final ao perder para eles, nossos hermanos, os argentinos. Na volta para casa, o técnico da época, Sebastião Lazaroni e Dunga, hoje treinador, foram responsabilizados pelo público, pelo povo, como os dois principais responsáveis pela eliminação precoce.
Por sermos conhecidos como o país do futebol, é lógico que todo mundo ficou puto da vida! Assim, os protestos foram intensos – não violentos. Resumindo: o time jogou mal e o povo protestou. Justo.
Um pouco depois, em 1992, uma grande quantidade de jovens brasileiros tomou as ruas das principais cidades do país exigindo o impeachment do presidente da República, Fernando Collor. (Lembro-me bem que muitas mulheres votaram nele por o achavam “bonitão”). Conhecidos e eternizados como os “caras-pintadas”, pois na face sempre havia as cores da bandeira nacional, eles ajudaram – através dos protestos – a derrubar Collor do poder. Com várias acusações de corrupção em cima das costas, o ex-presidente, acabou renunciando ao cargo no dia 29 de dezembro daquele ano. Ainda assim, ele perdeu seus direitos políticos por oito anos.
Pois bem: o cara foi eleito pelo voto popular. Não fez a tarefa da forma correta. O povo ficou puto da vida e protestou. Justo.
Além desses, vi vários protestos. Já vi estudante fantasiado com nariz de palhaço para protestar contra a falta de atenção a um dos maiores bens de uma nação, a educação.
Vi também – várias vezes, diga-se de passagem – um monte de gente vestida de branco protestando e pedindo paz. Quantas vezes presenciei o povo protestando e pedindo mais empregos, mais saúde, mais atenção...?
Uma vez, participei de um protesto encabeçado pela Igreja Católica. Tratava-se do Grito dos Excluídos e pedia a inclusão social de todas as raças e povos. Pedia igualdade. Pedia justiça. Paz.
Também me lembro de participar de um protesto, não me lembro ano, do Encontro Nacional de Meninos e Meninas de Rua. Nunca fui morador de rua, mas queria e quero ajudá-los de alguma forma.
Claro, não podemos deixar de citar os protestos no Irã, após as suspeitas de fraudes nas eleições presidenciais. Lá, o povo protesta porque quer ser livre.
Enfim, acredito que desde o futebol até aos companheiros do Irã, os protestos eram por causas nobres. Válidas e, por isso, justas.
Agora, vejam comigo: no último domingo, dia 5 de julho, fui chamado para cobrir a notícia de um acidente de trânsito. Até aí tudo “normal”. Acidentes no trânsito acontecem todos os dias, seja por distração ou imprudência dos motoristas.
Porém, quando eu a fotógrafa do jornal chegamos ao ponto indicado, o tumulto que geralmente cerca os carros dos acidentados não estava lá. Olhando para cima, na rua próxima ao local da colisão, vimos um monte de gente gritando, outros chorando e outros só olhando. Fomos lá.
No meio da multidão, um homem arrastava o outro para o local do acidente. O primeiro, um transeunte que passava por ali na hora do sinistro. O outro, o motorista, bêbado. Sim, ele estava tentando fugir depois de colidir sua camionete, uma Hillux, em uma pick up Fiat Strada na qual estavam pai, mãe e a filha deles, de apenas oito anos.
A população protestou. Não admitia tal atitude. O povo ficou puto. Inclusive, alguns mais exaltados queriam linchar o motorista embriagado. A filha dele chorava. A ex-mulher e mãe da garota, também com uns copinhos de cerveja na cabeça, enfrentava a multidão. O povo gritava. A policia chegou. A gritaria aumentou. Um senhor apontou. E o motorista consentiu. Foi preso para alívio dele próprio – pois senão levaria uma surra – e desespero da filha. O povo aplaudiu.
Enquanto tudo isso acontecia, minha colega, a fotógrafa, fez seu serviço. Foi então que um grupo de jovens, amigos do condutor alcoolizado, resolveu encrespar. Eles não queriam que o “coitado” do motorista embriagado fosse fotografado. “Vai prejudicá-lo”, diziam eles, levando as mãos no rumo da lente da máquina. Mas, ela, minha colega e amiga, é porreta. “Estou fazendo e vou continuar fazendo o meu trabalho. Saiam para lá seu bando de mauricinhos!”, disparou, nervosa. Foi então que eu presenciei a cena mais triste e ridícula dos últimos tempos: organizados, os cerca de seis jovens levantaram os braços com os punhos fechados e tamparam a visão do camburão, impossibilitando que o homem fosse fotografado. Se eu não soubesse do que se tratava, diria que a cena era linda! Imaginem e construam a imagem dentro das suas mentes: Punhos erguidos para o céu em nome de uma causa! Pena que a causa e a intenção do protesto deles era ocultar um motorista embriagado que acabara de deixar uma família ferida e, pior ainda, tentou fugir. Fiquei puto!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Tempo de acertar *


Tudo tem seu tempo e há tempo para tudo. É mais ou menos isso o que se lê nas Sagradas Escrituras, mais precisamente no Livro do Eclesiastes.
Ainda naquele texto, lê-se que existe um tempo para nascer e um tempo para morrer; tempo de derrubar e tempo de construir; de chorar e de rir; tempo de plantar e tempo para colher o que se plantou – gostei desse. Tem uma parte em que o autor do Livro escreve: “existe tempo de rasgar e tempo de costurar”. Em outra: “tempo de calar e tempo de falar; tempo de guerrear e tempo de viver em paz”.
Pois é, há um tempo para tudo. E, mesmo quem não crê na veracidade das Sagradas Escrituras sabe disso. Não se pode querer fazer tudo ao mesmo tempo. Não se deve – como bem lembra o provérbio – passar com o carro na frente dos bois. Se for assim, geralmente a coisa não funciona.

Tenho visto, mesmo de longe, já que não cubro mais o dia a dia do Uberaba Sport, que estes preceitos não têm sido seguidos por parte da diretoria do colorado. Ora, o Campeonato Brasileiro nem começou e algumas atitudes são tomadas como se a bola já estivesse rolando há muito tempo. Pergunto: P’ra quê?
Como temos tempo de derrubar e de construir, os momentos estão sendo invertidos. A atitude errônea de afastar a imprensa do time destrói elos antigos, e também aqueles que estão começando a ser estabelecidos.

Para o bem de todos, o fluxo de informações deve ser facilitado, e não o contrário. O clube nunca viveu um momento tão bom e transparente como o atual – tudo graças ao trabalho da diretoria, que tenta de todas as formas deixar suas atitudes evidenciadas da melhor forma possível e assim evitar falatórios, acusações e tantos outros problemas. A liberdade de expressão dos cronistas esportivos também deve ser respeitada, assim como a opinião dos torcedores. Se o cara achar que está tudo ruim e escrever isso de forma séria e responsável, bom para o clube que, admitindo possíveis erros, só tem a crescer. Caso contrário – se o cronista estiver errado – melhor ainda para o clube, que mostrará que está seguindo pelo caminho certo.
Que o Uberaba Sport é grande, todos sabem. A grandeza do clube se contrasta, às vezes, com atitudes pequenas, tolas até. Claro que a organização é sempre bem vinda, mas convenhamos que escolher quem vai dar entrevista, sendo que o número de veículos de comunicação nem é tão grande, é no mínimo estranho. Pelo que bem me lembro, nunca houve confusão no quesito entrevista após os treinos. Pelo contrário.

Acredito que essa união entre imprensa e Uberaba Sport é mais benéfica para o clube. Por isso, é bom que a Assessoria de Imprensa do USC observe a questão com muito carinho. Notícias serão publicadas nos jornais impressos e divulgadas na TV e rádio, com ou sem o consentimento do clube. Porém, quando a negação de informações prevalece, tudo parece mais vago e o torcedor fica sem tomar conhecimento do que se passa no seu time do coração. União: essa é a palavra e o tempo é agora.


(*) Texto publicado na edição do Jornal da Manhã em 03-07-2009.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pobres e pobrezas

Eis a vida...
É possível terminar um dia, um mês, um ano, arruinado financeiramente e começar um outro dia, mês ou ano, falido, em todos os sentidos. No entanto, nem tudo depende apenas das forças do destino – forças, que para muitos, nem influem sobre nossas vidas. A vida é resultado da prática de várias ações suas e alheias.

Na tarde de última quarta-feira, 30 de junho, dois homens, armados com um martelo – nota-se que uma ferramenta que pode construir casas também pode destruir negócios e vidas – entraram em uma joalheria na rua Artur Machado, centro de Uberaba, e anunciaram o assalto.
Assustados, a funcionária da loja e dois clientes que ali estavam fugiram para os fundos e nada viram, nem mesmo o rosto dos dois indivíduos.
Sozinho no estabelecimento, um dos ladrões quebrou a vitrine e fez um “limpa” no balcão, levando cerca de R$ 30 mil em jóias. Prejuízo para o proprietário. Susto para a funcionária. Trauma para os clientes, um casal que escolhia as alianças do noivado.
Com os bolsos literalmente cheios, os dois assaltantes fugiram em uma moto, tomando rumo desconhecido.
Eis que hoje, 1° de julho, inicio de mês e, talvez, inicio de uma nova etapa na vida de todos os envolvidos, o dono da loja contabilizava seus prejuízos, que iam desde o vidro quebrado da vitrine até a última tarraxa utilizada para prender os brincos na orelha. A funcionária, ainda assustada, procurava notas fiscais, telefones úteis e tentava se esquecer de tudo o que vivera ontem. Já o casal, este não os vi. Mas, provavelmente ainda não esqueceram o ocorrido. Desde ontem, a vida de todos eles fora marcada, juntamente com a vida de cada um dos assaltantes, que abonados, ainda decidem o que fazer com o dinheiro proveniente da venda das jóias.
Estela, uma mãe jovem, de apenas 29 anos e com três filhos, um de cinco anos, outro de quatro e o terceiro que ainda está em sua barriga, no sexto mês de gestação, passa na frente da loja, vê o movimento: homens de ternos, conversando ao celular, um carro importado com outro homem de terno e também conversando ao celular... logo, ela pensa: eles têm dinheiro e podem me ajudar!
Com um filho sofrendo de doença de pele, estranha e causadora de várias feridas em toda a extensão de seu corpo frágil e o outro mais “saudável”, (apenas) com o catarro descendo e subindo das narinas, ela pede, quase implorando, R$ 1 para comprar leite.
“Estamos pobres como você, minha filha!” – responde um senhor.
Resta saber de qual pobreza estamos falando aqui...