Palavras soltas...

(...) "Tenho aprendido muitas coisas nos últimos tempos. Uma delas é que jamais podemos deixar para amanhã um gesto de carinho, um sorriso verdadeiro, uma declaração de amor."

Confira a crônica completa clicando aqui.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Novos tempos, novos desafios


Desafio. Eis uma palavra constante no exercício da profissão jornalística. E não é de agora. Exercer o jornalismo, com ou sem obrigatoriedade de diploma, sempre exigiu atenção, faro, disponibilidade, coragem e formação.
Claro, não podemos deixar de lembrar que a profissão passa por um momento difícil. Após a decisão dos nossos Supremos Juizes em derrubar a obrigatoriedade da formação acadêmica, muitos profissionais, estudantes e vários segmentos da sociedade demonstram preocupação com o futuro do jornalismo nacional. A grande inquietação é mesmo em relação à qualidade da notícia, da informação – a qualidade (ou falta dela) do jornalismo.
E, como o jornalismo vive e cresce em meio aos desafios, essa é a bola da vez! Mais do que direcionar suas atenções para o fato da não exigência do “canudo”, os profissionais e a sociedade devem estar atentos à forma como as notícias estão entrando nos lares brasileiros, seja por meio da TV, Rádio, Jornais ou Internet. Não importa tanto qual é a mídia, mas, isto sim, a qualidade da informação.
Agora, ao contrário do que está acontecendo em muitos lugares, é a hora de o curso ser valorizado. A técnica, a pesquisa e a formação adquiridas na academia são imprescindíveis. Um aluno de Comunicação tem a oportunidade de discutir ideias com mestres e grandes autores da área, aprendendo e ensinando um pouco mais.
O assunto não se resume ao momento em que as empresas escolherão entre um profissional diplomado ou um de carreira. Vai mais longe. Um jornalista de carreira foi formado pelo mundo, o que é muito bom. No entanto, o aluno das escolas de comunicação está sendo formado, através de estágios e trabalhos extra-curriculares, pelo e para o mundo. O grande desafio do jornalismo é ser muito mais do que um distribuidor de notícias. Isso, os blogueiros fazem muito bem e com eficiência. O que deve ser valorizado e exigido aos profissionais é o tratamento da notícia como um bem comum e não só como um produto perecível. O diploma se vai, os jornais se rasgam, rádios, computadores e televisões serão desligados, mas, a informação de qualidade fica e forma um mundo melhor.

sábado, 8 de agosto de 2009

Quereres




Às vezes a melhor coisa a se fazer é não fazer nada.
Ficar parado. Pensando. Até porque não dou conta e não acredito que alguém consiga ficar sem pensar em nada... dizem que quem pratica meditação consegue. Um dia eu tento e tiro a prova.
Enquanto isso fico aqui pensando nas várias coisas que eu tinha vontade de ser...

Eu queria ser um espelho. Todo mundo encara e olha nos olhos do espelho. É na frente do espelho que somos nós mesmos – atrás de maquiagens, roupas e penteados – é você e só você quem está ali. O espelho, por sua vez, não mente. Mostra-te tudo: seus defeitos e qualidades físicas e a exata maneira como você está se sentido no momento em que olha para ele: os olhos não mentem, não conseguem mentir. E não adianta fazer biquinhos e caretas e poses sensuais: é você quem está ali. O espelho é a realidade nua e crua.

Às vezes eu queria ser um barco sem motor, sem remador, sem capitão, vazio, solto no mar. E onde eu atracasse, seria o meu lugar. Às vezes, mesmo não procurando, encontramos exatamente o lugar, a pessoa, a situação perfeitos para a nossa vida. Um barco. Um vazio. Um mar. Um lugar.

Eu queria ser um livro. Um livro com uma história muito bonita e feliz. Uma história capaz deixar todos sorrindo, até chorar, soluçar, de tão engraçada e bonita que é. Eu queria ser este livro que alegrasse aquela menina que perdeu a mãe, ontem. Eu queria ser este livro, com esta história, para fazer sorrir aquele pai que perdeu o filho e não vê mais razão para viver. Um livro capaz de fazer com que as pessoas deixassem de pensar só em si mesmas, nem que seja por instante, e compartilhassem aquela história, bonita, feliz. Um livro. Um sorriso. Alegria.

Eu queria ser uma bola de futebol para o menino que nunca teve um brinquedo. Queria ser um copo de água para aquele velho sedento no meio do deserto. Eu queria ser o ombro amigo da moça triste que não tem amigos. Queria ser o foguete que estoura na comemoração de um gol. Queria ser o gol da vitória, do título. O gol. É, eu queria ser o gol.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Uma história


Parece cena de filme, mas, às vezes, tudo o que eu queria era ser um chinês muito pobre, muito velho e muito sábio, daqueles que costumam morar nos fundos de uma aldeia entre matas e montanhas.
Normalmente, são com esses anciãos que os outros moradores da aldeia buscam as respostas para suas dúvidas, as curas para suas doenças, uma palavra de conforto ou apenas a sua presença, a qual inspira segurança.Queria ser esse velho sábio chinês pelo fato de que odeio não ter uma resposta, uma palavra sequer, para determinados assuntos, sobretudo os que dizem respeito aos relacionamentos e o comportamento humano.Mas, não era sobre isso que eu queria falar. O que quero contar é que hoje, enquanto almoçava com uma pessoa muito especial, escutei uma história bonita, também digna de filme e ainda sem final. Mesmo sem desfecho, gostei causo e aqui tento recontá-lo.

Eis a vida.(...) Cheio de amor para dar, porém, sem tempo e sem ânimo para viver amores, um jovem, inocentemente, fechou um trato consigo mesmo: desde seu último relacionamento, terminado em setembro de 2008, não iria envolver-se com ninguém a ponto de se apaixonar, a ponto de querer algo a mais que não um beijo, uma transa, um ficar. Pelo menos até o próximo ano, seria assim. Então, ficou combinado entre ele e ele mesmo e assim estava decidido. Honesto que é, não houve a necessidade de um contrato assinado. Homem que é homem tem palavra e palavra vale mais do que tinta nanquim rabiscada em papel.Que vida boa desde então! Jovem, começou a aproveitar o que não aproveitara antes. Festas, bebidas, garotas, mulheres. Abraços, beijos, peles, suor e perfume. Alegria. Curtição. Sim, é claro, amigos. (É ou não é uma vidona?)Eis que não acreditando na força do destino ou nas coincidências cotidianas, ele curtiu. “Sou novo, tenho mesmo que aproveitar a vida!”, sempre afirmava para si mesmo. Tolo que é fugiu dos sentimentos e de quem queria lhe dar algo a mais do que beijos e uma boa noite de amor, ops, sexo. E assim foi, por quase um ano.
(...) Um dia, começou a aproximar-se daquela que seria sua nova investida. Linda, porém, ela não é só mais um rosto e um corpo bonito na multidão. Um ano antes, os dois se encontraram, mas ainda não se conheciam. Nada além de “ois”, “olás”, “bom dia” e “boa tarde”, “até amanhã”. “Um dia”, dizia ele, “vou ficar com essa moça. Ah, se vou”.Casada e fiel, ela nunca o olhou de outra forma, senão como um colega. Casada, fiel, mas um pouco infeliz, ela começou, com o passar do tempo e do crescimento da afinidade entre os dois a confiar e confidenciar a ele um pouco das suas frustrações e desencantos dentro do matrimônio. Ex-casado e fiel, mas muito infeliz no matrimônio, tudo o que ele poderia fazer era ouvi-la e – honestamente – lhe desejar melhoras e torcer para que tudo passasse e se resolvesse da maneira mais feliz. O sorriso dela, para ele, beira à perfeição. Muitas vezes, ele se calou com medo de interpretações erradas da parte dela. Quantas vezes quis chamar de burro esse marido que não a compreendia, não a ouvia e muitas vezes, por incrível que pareça, não a enxergava. Entretanto, tudo o que o jovem não queria era que ela pensasse: “está falando assim do meu marido só porque estou frágil. Só quer se aproveitar do momento para atacar”. E assim se seguiu. Os conhecidos se tornaram colegas, que se tornaram amigos, que se tornaram amiga e amigo, mulher e homem. Entre telefones, trocas de e-mails e conversas, boas conversas, embaixo de uma árvore, eis que surgiu entre eles uma vontade gêmea de ficar e não pensar em nada. Desejaram-se. Permitiram-se. Encontraram-se. Entregaram-se. Ficaram juntos. Abraços, beijos, transa. Fim. Não, inicio.Ele, fraco que foi, quando deu de si, já estava, da maneira mais ingênua, mais tola, mais veemente, apaixonado. Não resistiu e foi vítima para depois ser réu confesso do seu “erro”. Tolo! Ela é casada! Ela tem outro, ama outro! Ela não quer!Por mais que tentasse explicar para si mesmo que tudo não passava de uma confusão, um engano, se viu entregue, de braços abertos àquele que seria seu amor platônico.Resolveu que seria melhor esquecer tudo. Não deu conta. Decidiu, então, contar tudo à ela. Guardar certas coisas só para si mesmo não é nada bom, pensou. Contou.Susto! Surpresa. (das duas partes) É difícil precisar quem ficou mais assustado... mas, ainda assim, os dois continuaram sua amizade, suas conversas, suas molecagens. E, o melhor de tudo, continuaram se olhando nos olhos na hora de conversar.Eis que dois dias depois da revelação, na hora do almoço, juntos e sozinhos, longe dos colegas de trabalho, decidiram, enfim, falar sobre o assunto pessoalmente e não ao telefone ou por e-mail. Meio sem graça, ela puxou a conversa. Atento e com medo de ter estragado tudo, ele a ouviu. Em pleno meio-dia, tudo parou. Tudo se calou. Eram só ela, seu olhar e sua voz. Mas, letra por letra, palavra por palavra, a realidade foi se desenhando à frente do jovem... Não dá. É impossível que eles fiquem juntos.

Entrementes, tirar o positivo de cada situação, mesmo que ela não seja a mais feliz do mundo, é um dom. E eles, ao que tudo indica, tiraram. Para ele, serviu para mostrar que seu coração sabe escolher bem alguém digno de sentimento. Para ela, toda a situação serviu para mostrar que embora o homem que ela ama não veja, talvez por tolice, excesso de zelo ou simples descuido, ela é sim, muito especial e digna de atrair olhares sem maldades, que vejam muito mais do que a sua indiscutível beleza exterior. A jovem entendeu que nem todos querem só sexo com ela. Carinho, abraços e palavras verdadeiras, muitas vezes, valem mais, muito mais.

Cada um tem sua história. Quando duas histórias se encontram, tornam-se uma nova história. Algumas delas têm fim. Outras nem ao menos começam e param no prólogo. A desses dois, para mim, está apenas começando... daqui a alguns anos, talvez ainda continuem sendo dois amigos, quem sabe? Ou, não. De qualquer forma, é uma história bonita de se contar...

Seu eu fosse aquele ancião chinês morador do fundo de uma aldeia entre os montes e vales de terras orientais, eu daria apenas um conselho, sábio, aos dois: Permitam-se ser felizes.