Palavras soltas...

(...) "Tenho aprendido muitas coisas nos últimos tempos. Uma delas é que jamais podemos deixar para amanhã um gesto de carinho, um sorriso verdadeiro, uma declaração de amor."

Confira a crônica completa clicando aqui.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Milagre *


Desde a fatídica desclassificação da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1990, realizada na Itália, quando o time canarinho saiu nas oitavas-de-final ao perder para a Argentina de Maradona, Caniggia e companhia – a qual foi vice-campeã daquela Copa – eu tenho acompanhado um pouquinho de futebol. Já se foram 19 anos...
Por isso, e por ser torcedor apaixonado, posso dizer: o milagre existe.
Nelson Rodrigues, em maio de 1956 já pregava que o “fato normal, o fato lógico, o fato indiscutível merece apenas a nossa repulsa e o nosso descrédito. É preciso captar ou, melhor, extrair de cada acontecimento o que há nele de maravilhoso, de inverossímil e, numa palavra, de milagre. E não vejo como se possa viver e sobreviver sem esse milagre”.

Assim como o nascimento de uma nova vida é e deve ser considerado um milagre, o gol, a vitória, a conquista do título, são, inevitavelmente, milagres. Ação sobrenatural que provoca reações também sobrenaturais e muitas vezes sem a mínima explicação no íntimo de cada torcedor – assim pode ser definido o primeiro segundo após um gol, uma vitória e aquela tão sonhada conquista.
Acreditar ou não é da escolha de cada um. Eu acredito.
Milagre é aquilo que os homens não encontram explicação racional e depositam a autoria de tal façanha a um Ser Superior, que também pode ser chamado de Deus.

O futebol – na alegria ou na tristeza – é capaz de promover certos milagres em cada um de nós.
O instante pós-gol tem o poder de nos fazer levitar, ficar cego, surdo e mudo ao mesmo tempo. Levitamos de alegria e a cada pulo de felicidade queremos que o próximo seja ainda mais alto. Ficamos cegos pela adrenalina que toma conta de cada veia do corpo. Ou ainda, surdos para não ouvir as provocações de torcedores adversários e mudos para não dar a merecida resposta àquele chato que não para de nos zoar. É assim que é, e é assim que é bom!
Só mesmo um milagre é capaz de reunir tantas pessoas em um mesmo local e em busca do mesmo ideal. É dessa forma que enxergo o estádio lotado nos dias de decisões. (Vide a final da Taça Minas, no dia 15 de novembro, quando o Uberaba Sport levou o título para Boulanger Pucci).

Por mais irreal que possa parecer – e o amigo torcedor está aí para não me deixar mentir – não se trata apenas de uma decisão de campeonato. Ora, o resultado daquele jogo irá influenciar em nossa vida por muito tempo. Dando exemplos: quem assistiu nunca esquece a final da Copa do Mundo da França, em 1998, quando o Brasil perdeu para os donos da casa. Ninguém esquece aquelas Olimpíadas de 1996. Na oportunidade, o time da Nigéria nos deu uma lição do que é ter força de vontade e acreditar sempre: perdemos porque eles tiveram mais coração. E, que fique bem claro: o fato de o coração bater e pulsar o sangue para o restante do corpo é, de fato, um verdadeiro milagre. Vivemos porque o coração ainda bate.
Os desastres citados me marcaram de forma singular. Mas, não posso deixar de citar a conquista da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Foi o Tetra, mas para mim foi a primeira conquista de uma Copa.
Posso também, relembrar a Copa de 2002, realizada na Ásia, quando Ronaldo, o Fenômeno, praticou milagre ao voltar a jogar depois que quase ninguém acreditava nisso. Ele não só voltou a atuar como estraçalhou qualquer possibilidade de alguém acreditar que ele não mais pisaria nos gramados. Literalmente, ele acabou com a Copa e ajudou a Amarelinha a trazer mais uma taça. O penta!

Torcedores do Flamengo, Internacional e ainda do Palmeiras: milagres acontecem. Faltam apenas duas rodadas para o final do Brasileirão 2009. Com um ponto de vantagem sobre o Rubro Negro, o indômito São Paulo dá pinta de que conquistará a sua 7ª taça da competição, e, de quebra, ser quatro vezes consecutivas consagrado campeão. Porém, há um porém, o futebol é regido por deuses, forças ocultas e inimagináveis reações que atuam em uma mágica e inexplicável lógica do campo superior. Portanto, jogando muita bola e acreditando, é possível que os três times citados no início do parágrafo possam soltar o grito de campeão ao final desta grande batalha – aliás, a melhor de todas na era dos pontos corridos.
Acreditem! Para o bom torcedor não existe nenhum time imbatível. São-paulinos, o fato de não sucumbir jamais é, por vocês, a prova de que milagres existem. Por três anos o time não vacilou. Eis a chance do tricolor paulista continuar reinando milagrosamente no reino do futebol mundial.

(*) Publicada na edição número 11.257 do Jornal da Manhã, em 27/11/2009. (http://www.jmonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,19120)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Enquanto o ônibus nao chega...


Grosseiramente falando, até porque não deva existir outro significado, cético é aquele individuo que dúvida de tudo. Ou não acredita em nada, como você, leitor, preferir interpretar.
Nunca fui cético ao extremo. Sempre acreditei nas coisas, nos acontecimentos históricos – nunca fui um dos adeptos à teoria da conspiração. Sempre acreditei no ser humano e, ao mesmo tempo, duvidava que nossa raça fosse capaz de certas coisas, atitudes ou ausências das mesmas.
Sou assim.
Honestamente, eu não duvido de mais nada.
Agora, escrevendo esse pequeno, mas intenso devaneio – não duvidem – eu venho chegando a conclusão de que o mundo ta pirando e eu vou junto nessa piração incontrolável, inexplicável e inacabável...
Antes, em minha ignorante inocência, eu duvidava que um homem pudesse exterminar a vida do seu semelhante. Na verdade, não nos vemos como semelhantes. Falta respeito, amor e carinho pelas coisas e pelo mundo – pelas pessoas. Falta o tal do colocar-se no lugar do outro. Falta pensar nas consequências e não existe peso na consciência.
Matamos-nos de todas as maneiras. Já vi gente sendo morta a tiros, facadas, atropeladas, espancadas. Mas, também já vi gente matando gente apenas com uma simples palavra. Percebo vidas sendo destruídas em decorrência da soberba de outras.
Matam por tudo: por dinheiro, por ciúmes, por raiva, amor e por falta de amor. Mas, também matam por nada.
Matamo-nos.
Voltando as minhas antigas crenças no não. Eu não acreditava no tal do amor incondicional. No entanto, percebi que o amor, por si só, é incondicional. Do contrário, não seria amor.
Amo meu filho. Isso não requer provas. E amando ele, passei a me amar mais. Cuidar mais de mim. Querer bem a mim mesmo. Tudo isso, para ele. Para estar bem para ele. Ser feliz para fazê-lo feliz. É o amor.
Tem mais.
Da mentira, agora eu vou falar. Não como réu. Muito menos advogarei como acusador.
A mentira é desagradável, mesmo quando nos sugerem que os fins justificam os meios, a mentira nunca irá substituir a verdade.
Prefiro a verdade.
Mas, odeio o sofrimento.
Na boa, às vezes – às vezes mesmo – mentir ou omitir evita sofrimentos. Omitir, é, de certa forma, mentir. Mas, ao esconder certas coisas e dessa forma mentir que tal coisa não existe, podemos evitar catástrofes. O que os olhos não veem o coração não sente.
Ah, quer saber? Este assunto me confunde. A verdade é essa.
Resumindo: Duvidar é bom. Faz crescer o ser humano. Quem acredita em tudo que vê, tende a se enganar, sobretudo com as pessoas. Entrementes, apesar de a dúvida ser boa e saudável, acredite nas pessoas, acredite em seus amigos, no seu time de coração. Acredite no seu deus, acredite em você. Acredite na fantasia, na infância e na juventude. Acredite no dia de amanhã, acredite que tudo vai passar e, por isso, é preciso aproveitar.
Acredite duvidando, mas sempre confiando.
É isso.